Dias de Notícias

Notícias escritas e assinadas por mim, Marcelo Dias, a partir de 1998.

segunda-feira, junho 01, 1998

Subdiretor do Ary Franco puniu 4 antes de morrer

Secretário de Justiça diz que a polícia suspeita de agentes afastados dias antes por Roberto Motta

RIO (Extra) As investigações sobre a morte do subdiretor do presídio Ary Franco, Roberto da Silva Motta, assassinado sexta-feira, começam a ganhar uma direção. Segundo o secretário estadual de Justiça, Jorge Loretti, a polícia suspeita do envolvimento de quatro agentes penitenciários afastados semana passada.

- Estamos investigando quatro agentes que foram desligados do Ary Franco. Antes, já havíamos aberto uma sindicância e descobrimos infrações administrativas que estão sendo averigüadas - revelou Jorge Loretti.

Durante o enterro, no Cemitério do Pechincha (Jacarepaguá), ontem de manhã, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Francisco Rodrigues, disse que Roberto, por ser o segundo homem na hierarquia do presídio, tinha contato direto com detentos.

A posição de Francisco Rodrigues se choca contra as afirmações de William Silva da Silva, diretor do Ary Franco. Segundo Da Silva, Roberto exercia apenas uma função burocrática, sem qualquer envolvimento com os presidiários.

Entretanto, não era esse o comportamento demonstrado pelos demais agentes do Desipe que estiveram no enterro. Pelo clima encontrado no cemitério, a morte de Roberto não foi uma surpresa.

- Ele pode ter contrariado algum interesse do crime organizado, mas não acredito que o motivo tenha surgido numa transferência de presos - contou Rodrigues.

A polícia investiga também um grande mistério: a mulher do subdiretor, Lecy, ligou para o marido por volta de 20h pedindo que a buscasse num salão de beleza, na Taquara (perto de onde ele foi morto). O irmão do subdiretor, Renato Motta, disse que Lecy estava em casa naquele horário.