Dias de Notícias

Notícias escritas e assinadas por mim, Marcelo Dias, a partir de 1998.

sábado, maio 16, 1998

Uma dobradinha mortal

Em uma semana, polícia apreendeu 31 armas AK-47, AR-15 e metralhadoras

RIO (Extra) - O total de 31 fuzis e metralhadoras, apreendidos em uma semana no Grande Rio, levou a Secretaria de Segurança Pública a estabelcer uma triste estatística: os traficantes de drogas estão muito mais bem equipados que as polícias civil e militar do estado. De janeiro de 1994 a abril deste ano, foram apreendidas 32.833 armas estrangeiras. Dessas, 5.979 (22,26%) eram fuzis, espingardas e metralhadoras. Em 1997, foram 1.300 mil armas pesadas.

Apesar das tentativas do governador Marcello Alencar de impedir a entrada de armas americanas no Brasil, enviando um relatório ao presidente dos EUA, Bill Clinton, as apreensões de armas comprovam que a cidade recebe armamento de diversos países. A rota provável de entrada das armas é o Paraguai, embora a Polícia Federal e a Interpol não tenham provas concretas dessa ligação.

A preocupação com o contrabando de armas é tão grande que a Coordenadoria de Inteligência da Segurança Pública organizou, em março, um seminário para discutir os caminhos das armas contrabandeadas, com participação de um representante do Instituto de Pesquisa para o Desarmamento das Nações Unidas.

Demonstrando que o problema é internacional, o presidente Fernando Henrique Cardoso já propôs a criação de um mecanismo baseado no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), facilitando o controle de armamento no Cone Sul.

Para o secretário de Segurança, coronel Noaldo Alves Silva, a solução para o problema reside na fiscalização da Polícia Federal e no aumento da pena para os traficantes.

Escopeta saiu de moda

Há dez anos, a menina dos olhos do tráfico de drogas do Rio de Janeiro era a escopeta calibre 12. Seu alto poder de impacto compensava a lentidão com que ela era operada. Contudo, o arsenal dos bandidos, que dominam os morros cariocas vem se sofisticando a cada dia. Entraram em cena as chamadas armas de guerra, os fuzis semi-automáticos como o AR-15, americano, o AK-47, russo, o Rugger, alemão, e o Sig Sauer, suíço.

Quem mora nos morros ou em suas proximidades conhece muito bem a capacidade dessas máquinas da morte. As últimas grandes apreensões de armas no Rio registram um crescente uso dessas armas, que vêm principalmente do Paraguai, do México e da Colômbia.

Em outubro de 97, a Polícia militar apreendeu nos morros do Rio, só em um fim de semana, 23 revólveres, 12 pistolas, uma escopeta e três fuzis, sendo dois AR-15 e um AK-47. Já no dia 4 de março deste ano, um acampamento do tráfico foi estourado por policiais do 6 BPM (Tijuca), em plena Floresta da Tijuca. No saldo da operação, várias armas apreendidas, entre elas uma metralhadora antiaérea ponto 30, um fuzil 762, um AR-15, um AK-47, um rifle de caça, uma pistola 45, três 9mm, uma 765 e uma granada M-9, além de vários coquetéis molotov.

Memória

Marginais têm metralhadoras, fuzis, pistolas e até granadas

Proibidas de entrar nos Estados Unidos, armas como os fuzis Sig Sauer 550 (suíço) e AK-47 (alemão) e a submetralhadora Uzi, de Israel, proliferam nos arsenais dos traficantes do Rio. Nesta quarta-feira, agentes do Serviço Reservado do Estado-Maior da PM descobriram 40 armas e cerca de cinco mil cápsulas de munição pertencentes ao ex-detetive da Polícia Civil Nestor Manganino, ligado ao bicheiro Castor de Andrade, morto no ano passado. No arsenal, estavam oito fuzis e duas metralhadoras. Entre eles, um fuzil Rugger norte-americano.

Anteontem, PMs do 4º BPM (São Cristóvão) apreenderam um AK-47 - que foi utilizado no assassinato da estudante Ana Carolina da Costa Lino, mês passado, dois fuzis alemães G3, quatro carabinas Puma (EUA) e uma metralhadora argentina FMK.

A primeira apreensão da semana aconteceu na segunda-feira, no Morro do Cerro Corá: quatro AK-47: quatro AR-15 e um Rugger, e duas pistolas. Na sexta, PMs acharam dois fuzis M-16 de fabricação coreana.