Dias de Notícias

Notícias escritas e assinadas por mim, Marcelo Dias, a partir de 1998.

domingo, janeiro 03, 1999

Morador de São Gonçalo reclama do valor

RIO (Extra) - Dono de uma casa na Rua Francisco Pinto, no bairro Zé Garoto, em São Gonçalo, o aposentado José Carlos de Frias Vasconcelos, de 49 anos, vai desembolsar R$ 1.690,27 pelo Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) cobrado pelo direito de morar na área mais nobre de cidade. Sem dinheiro para quitar o tributo em cota única, José Carlos vai parcelar o pagamento, perdendo o direito ao desconto de 12% concedido até fevereiro e de 6%, até março. Ele diz que não é contra a cobrança do IPTU, mas reclama da falta de infraestrutura onde mora.

Segundo o aposentado, o valor a ser pago não corresponde ao equipamento urbano oferecido pela Prefeitura.

Itens como iluminação pública, saneamento básico e proximidade de favelas influem no cálculo do IPTU. Os argumentos dele são semelhantes aos de quem reside na Avenida Prefeito Mendes de Moraes, em São Conrado, Zona Sul do Rio, detentora do IPTU mais caro da cidade (R$ 2.088,24).

Apesar da comodidade de contar com um shopping center (São Conrado Fashion Mall) e da vista para o mar, os moradores do bairro, como o ex-prefeito Cesar Maia, convivem com o tráfico de drogas na Rocinha e as línguas negras nas praias de São Conrado e do Pepino.

- O cara que mora lá abre a janela e vê o mar. Aqui, dou de cara com um rio sujo e poluído e a rua cheia de buracos. Tenho um apartamento de 80 metros quadrados na Rua Miguel de Frias, em Icaraí (Niterói), pelo qual terei que pagar R$ 545,80 de IPTU - compara José Carlos.

A aposentada Maria del Carmen Pinheiro Rodrigues, de 47 anos, também não vai pagar o IPTU em cota única como costumava fazer até o ano passado, parcelando-o. Maria del Carmen mora em uma casa de 40 metros quadrados na Rua Nazário Machado, em Amendoeiras, bairro de classe média baixa, em São Gonçalo, cujo IPTU é de R$ 205.

De acordo com ela, somente há quatro meses a prefeitura instalou postes de luz e a rede de esgotos na rua. Mas falta pavimentar o lugar, ainda sujeito a buracos e a poças de lama em dias de chuva. As críticas de Maria del Carmen não são tão veementes quantos as de José Carlos Vasconcelos, mas ela estranha o valor cobrado de sua mãe, a espanhola Rosa Martinez Pazo, de 66.

- Minha mãe mora aqui ao lado e vai pagar R$ 371. É um absurdo! No ano passado, o imposto ficou muito puxado - reclama a aposentada, referindo-se ao aumento tributário autorizado pelo prefeito Edson Ezequiel (PDT) em 1997.