Um passado condenado
Estado não dá conta de conservar prédios históricos de delegacias do Rio
RIO (Extra) - Testemunhas e símbolos da História do Rio de Janeiro, a delegacia do Catete e o antigo prédio do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops), construído para ser a primeira sede da Repartição Central de Polícia do Distrito Federal, estão ameaçados de se perder na poeira do tempo. Apesar de serem tombados respectivamente como patrimônios históricos municipal e estadual, os dois edifícios correm o risco de acabar tombando. Mesmo.
O trocadilho não é gratuito. Em péssimo estado de conservação, esses prédios, construídos na primeira década do século, um dia representaram a sofisticação e o rigor da polícia. Hoje, estão em ruínas - sinal de tempos em que a criminalidade tem se apresentado bem mais equipada do que os órgãos de segurança.
Outro problema é a falta de recursos do Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac), que não tem condições de fiscalizar as condições de conservação e as obras irregulares que desfiguram os prédios protegidos pelo estado.
- Como qualquer órgão público, não temos recursos financeiros e humanos para fazer um trabalho de fiscalização. A gente age por demanda - diz a diretora do instituto, Dina Lerner.
Fruto da reforma policial no Distrito Federal, a delegacia do Catete, inaugurada em 1909, também se perdeu no tempo. A atual 9ª DP foi estrategicamente construída na esquina das ruas do Catete com Pedro Américo, de modo a fazer com que as formas imponentes do edifício se impusessem no bairro, inspirando respeito e segurança.
Passados 89 anos, a delegacia agoniza à espera de uma reforma. A verba da obra (R$ 210 mil) já existe, mas aguarda pela licitação da Empresa de Obras Públicas, da Secretaria Estadual de Obras.
Entretanto, do outro lado da Baía, a 76ª DP (Centro), em Niterói, está sendo totalmente reformada. Erguida em 1922, a delegacia - que nem preservada é - foi sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio. Depois da fusão com a Guanabara, caiu no abandono. Em 1995, a prefeitura estabeleceu três Áreas de Proteção Ambiental e Urbana (Apa-U), entre elas a da Praça da República, na qual se encontra a delegacia. Agora, quem passa por ali nem imagina que aquele casarão colorido é um distrito policial.
Palacete com ar sombrio
Idealizado pelo arquiteto Heitor de Mello e concluído em 1910, o edifício da Rua da Relação 40 foi construído para ser a primeira sede da Repartição Central de Polícia. Palco de torturas no Estado Novo e de interrogatórios no já desativado Departamento de Ordem Política e Social, no regime militar, o prédio continua com aparência sombria.
Por fora, a monumentalidade do estilo eclético francês. Por dentro, a tecnologia do elevador e das salas para trabalhos técnicos representavam um salto no tempo.
Mas quem percorre as atuais dependências da Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos e da Coordenadoria de Inteligência e Apoio Policial, encontra o mármore das escadarias arrebentado, janelas improvisadas como grades de proteção, infiltrações e falta de iluminação.
- O prédio nunca passou por uma reforma desde que foi tombado, em 1987 - lamenta Dina Lerner, do Inepac.
Como no caso da 9ª DP, o edifício também espera pela licitação da obra de restauração, avaliada em R$ 803 mil.
RIO (Extra) - Testemunhas e símbolos da História do Rio de Janeiro, a delegacia do Catete e o antigo prédio do extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops), construído para ser a primeira sede da Repartição Central de Polícia do Distrito Federal, estão ameaçados de se perder na poeira do tempo. Apesar de serem tombados respectivamente como patrimônios históricos municipal e estadual, os dois edifícios correm o risco de acabar tombando. Mesmo.
O trocadilho não é gratuito. Em péssimo estado de conservação, esses prédios, construídos na primeira década do século, um dia representaram a sofisticação e o rigor da polícia. Hoje, estão em ruínas - sinal de tempos em que a criminalidade tem se apresentado bem mais equipada do que os órgãos de segurança.
Outro problema é a falta de recursos do Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac), que não tem condições de fiscalizar as condições de conservação e as obras irregulares que desfiguram os prédios protegidos pelo estado.
- Como qualquer órgão público, não temos recursos financeiros e humanos para fazer um trabalho de fiscalização. A gente age por demanda - diz a diretora do instituto, Dina Lerner.
Fruto da reforma policial no Distrito Federal, a delegacia do Catete, inaugurada em 1909, também se perdeu no tempo. A atual 9ª DP foi estrategicamente construída na esquina das ruas do Catete com Pedro Américo, de modo a fazer com que as formas imponentes do edifício se impusessem no bairro, inspirando respeito e segurança.
Passados 89 anos, a delegacia agoniza à espera de uma reforma. A verba da obra (R$ 210 mil) já existe, mas aguarda pela licitação da Empresa de Obras Públicas, da Secretaria Estadual de Obras.
Entretanto, do outro lado da Baía, a 76ª DP (Centro), em Niterói, está sendo totalmente reformada. Erguida em 1922, a delegacia - que nem preservada é - foi sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio. Depois da fusão com a Guanabara, caiu no abandono. Em 1995, a prefeitura estabeleceu três Áreas de Proteção Ambiental e Urbana (Apa-U), entre elas a da Praça da República, na qual se encontra a delegacia. Agora, quem passa por ali nem imagina que aquele casarão colorido é um distrito policial.
Palacete com ar sombrio
Idealizado pelo arquiteto Heitor de Mello e concluído em 1910, o edifício da Rua da Relação 40 foi construído para ser a primeira sede da Repartição Central de Polícia. Palco de torturas no Estado Novo e de interrogatórios no já desativado Departamento de Ordem Política e Social, no regime militar, o prédio continua com aparência sombria.
Por fora, a monumentalidade do estilo eclético francês. Por dentro, a tecnologia do elevador e das salas para trabalhos técnicos representavam um salto no tempo.
Mas quem percorre as atuais dependências da Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos e da Coordenadoria de Inteligência e Apoio Policial, encontra o mármore das escadarias arrebentado, janelas improvisadas como grades de proteção, infiltrações e falta de iluminação.
- O prédio nunca passou por uma reforma desde que foi tombado, em 1987 - lamenta Dina Lerner, do Inepac.
Como no caso da 9ª DP, o edifício também espera pela licitação da obra de restauração, avaliada em R$ 803 mil.

0 Comments:
Postar um comentário
<< Home