Dias de Notícias

Notícias escritas e assinadas por mim, Marcelo Dias, a partir de 1998.

segunda-feira, julho 26, 1999

Médico vai até a casa do paciente em Meriti

Visita domiciliar garante o tratamento de doentes que não podem andar

RIO (Extra) - Há quatro meses, a costureira Juenice de Carvalho foi aos prantos até a Coordenadoria de Serviços de Saúde de São João de Meriti, implorando ajuda para seu filho, Percílio Francelino Júnior, de 16 anos. O rapaz fraturou as duas pernas em janeiro de 1998 e teve de ser operado, ficando um mês e meio deitado numa cama. Sem condições de se locomover, ele dependia da carona de vizinhos para ir ao médico, ficando mais de três meses sem atendimento. Restava-lhe apenas um sentimento de raiva e impotência diante das muletas.

Assim que voltou para casa, dona Juenice teve uma surpresa: a clínica Nirvan Nascimento, do Projeto Visita Domiciliar, já estava lá examinando o rapaz. Criado há quatro meses pela Secretaria municipal de Saúde de São João de Meriti, o projeto já atendeu a 250 pacientes com doenças crônicas, impossibilitados de andar, que precisam apenas de acompanhamento médico.

O paciente é examinado por um clínico a cada dois meses, recebendo orientações de higiene, imobilização e de alimentação. As visitas são de segunda a sexta-feira.

Atendimento é pedido pelo telefone

Ao todo, Nirvan atende de seis a dez pessoas por semana. Até o fim do mês, a médica deve ganhar a companhia de um auxiliar de enfermagem. Nem é preciso sair de casa para solicitar a visita da médica: basta se cadastrar pelo telefone da Coordenadoria de Serviços de Saúde (651-1220, ramal 351).

Os pacientes também têm exames de rotina, como hemograma e de urina, encaminhados para análise. No caso dos mais complexos, uma ambulância leva o usuário do serviço até o hospital.

- Trata-se de um investimento social, um trabalho de prevenção, desafogando a emergência dos hospitais. Para essas pessoas, o mais importante é a simples presença de um médico, de alguém que lhes diga o que fazer. Psicologicamente, isso não tem preço - explica a coordenadora municipal de saúde, Marilurdes dos Santos.

Feliz com a recuperação de Júnior, dona Juenice deixou de chorar todos os dias para agora sorrir:

- Meu filho até pensou em se matar, porque não tínhamos como ir ao médico. As visitas da doutora são ótimas. Ela é muito atenciosa.