Roubo de carro a reboque
Quadrilhas usam guinchos iguais aos da Prefeitura para levar automóveis
RIO (Extra) - A sofisticação e a ousadia das quadrilhas especializadas em roubo e furto de automóvel parecem não ter limites. A polícia está investigando a utilização de reboques iguais aos contratados pela Prefeitura, pintados com as cores da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), para roubar, principalmente, carros caros e importados. Além disso, as gangues estão usando aparelhos como telefones celulares e walkie-talkies para que grupos de apoio ao assalto transmitam informações durante a fuga.
- Começamos a investigar o caso pouco antes de dezembro. Com os reboques, os ladrões fogem sem despertar suspeita da PM - diz o delegado Zaqueu Teixeira, ex-diretor da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos Automotores Terrestres (DRFVAT), que não continuou a investigação por ter sido transferido, em dezembro, para a 37 DP (Ilha).
Segundo Zeca Borges, coordenador do serviço Disque-Denúncia, da Associação Rio Contra o Crime, as denúncias sobre esta nova modalidade de furto são antigas:
- No ano passado, a DRFVAT descobriu três reboques iguais aos da CET-Rio na Barra, mas os carros guinchados não eram roubados e o caso não foi registrado.
Portanto, não foi à toa que a quantidade de crimes registrados pela DRFVAT aumentou nos últimos dois anos, passando de 37.175 casos, em 1996, para 41.068, no ano passado. E os números podem piorar: em janeiro deste ano, foram anotadas 3.848 ocorrências, contra as 3.289 do mesmo período, em 1998. Um salto de 16,99% nas estatísticas do mês, que teve seu pior momento em 1994, quando houve 4.029 casos.
Meu carro foi levado por um reboque azul
O executivo A.F.L. teve seu Vectra roubado por um reboque no Leblon no dia 28 de janeiro e teme que os ladrões voltem
Delegado iniciou investigação há três meses
Segundo o delegado Zaqueu Teixeira, uma equipe da DRFVAT iniciou as investigações do caso dos falsos reboques no fim de novembro. Os trabalhos, no entanto, prosseguiram somente até o mês seguinte, quando começou a troca de comando das divisões especializadas e dos distritos policiais.
Antes, porém, houve a apreensão de três reboques iguais aos da CET-Rio conduzindo carros na Barra da Tijuca no ano passado. Os policiais, porém, constataram que os veículos não eram roubados e o caso não foi registrado na 16 DP (Barra) nem na DRFVAT, liberando os reboqueiros.
- Como a investigação ainda era muito incipiente, não pude oficializar um inquérito. Estávamos na pista deles, mas saí da delegacia no fim do ano - lamentou Teixeira, sem esconder sua surpresa com a agilidade dos bandidos.
Além da originalidade, as quadrilhas ainda têm mais três pontos a seu favor: a transição promovida na Polícia Civil; a falta de comunicação entre as polícias civil, militar e rodoviária; e carência crônica de infraestrutura.
- Tenho 11 viaturas. Isso é brincadeira! A Divisão Anti-Seqüestro tem mais de 20, motos e telefone celular. Podemos fazer mais com policiamento ostensivo da PM e fiscalização das Metropols nos ferros-velhos - reclama o novo diretor da DRFVAT, Márcio Zucarelli.
De acordo com ele, a caça aos reboques está emperrada na ausência de informações. Da antiga equipe de Zaqueu Teixeira, restou apenas um detetive na DRFVAT, quebrando a seqüência do trabalho.
- Estamos começando tudo do zero - reconhece Márcio Zucarelli.
Bandidos agem desde 98
Se a DRFVAT começou a investigar as quadrilhas de reboque apenas no fim de 1998, as informações sobre a existência dessas gangues já existem há um ano. Porém, a polícia nunca conseguiu prender ninguém em flagrante.
De acordo com o coordenador da Associação Rio Contra o Crime, Zeca Borges, as denúncias desta forma de furto de veículos são antigas, mas falta a comprovação policial:
- Sabemos disso há muito tempo, mas faltam provas. A DRFVAT quase conseguiu prender três desses reboqueiros na Barra, mas não comprovou o envolvimento deles.
O chefe de investigações da 35 DP (Campo Grande), Ronaldo Martins, confirma que essas quadrilhas agem, pelo menos, desde 1998. Lotado na 32 DP (Jacarepaguá) até dezembro, ele conta que recebeu informações sobre o envolvimento de reboques no roubo de veículos no bairro:
- Houve uma mulher que percorreu vários depósitos à procura do carro. Soubemos, depois, que havia reboques iguais aos da CET-Rio roubando carros na região.
Reboques devem ter fiscais
Tamanha audácia dos marginais se justifica: segundo o Sindicato das Seguradoras do Estado do Rio de Janeiro, as companhias de seguro gastaram R$ 3,5 bilhões no pagamento de apólices no ano passado. Deste total, aproximadamente R$ 240 milhões cobriram indenizações para veículos roubados. O montante é uma boa amostra do filão explorado pelas quadrilhas.
O subsecretário municipal de Trânsito, coronel Hamilton Dorta, diz que os motoristas devem tomar alguns cuidados na hora de identificar um reboque a serviço da CET-Rio, como pedir documentos que o autorizem a guinchar veículos em nome da Prefeitura.
- Os reboques sempre andam em comboio, com o acompanhamento de um fiscal de trânsito ou de um guarda municipal. Além disso, eles são brancos, com os símbolos da Prefeitura (um golfinho) e as faixas características da CET-Rio (azul e amarelo fluorescente) - explicou o subsecretário.
RIO (Extra) - A sofisticação e a ousadia das quadrilhas especializadas em roubo e furto de automóvel parecem não ter limites. A polícia está investigando a utilização de reboques iguais aos contratados pela Prefeitura, pintados com as cores da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), para roubar, principalmente, carros caros e importados. Além disso, as gangues estão usando aparelhos como telefones celulares e walkie-talkies para que grupos de apoio ao assalto transmitam informações durante a fuga.
- Começamos a investigar o caso pouco antes de dezembro. Com os reboques, os ladrões fogem sem despertar suspeita da PM - diz o delegado Zaqueu Teixeira, ex-diretor da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos Automotores Terrestres (DRFVAT), que não continuou a investigação por ter sido transferido, em dezembro, para a 37 DP (Ilha).
Segundo Zeca Borges, coordenador do serviço Disque-Denúncia, da Associação Rio Contra o Crime, as denúncias sobre esta nova modalidade de furto são antigas:
- No ano passado, a DRFVAT descobriu três reboques iguais aos da CET-Rio na Barra, mas os carros guinchados não eram roubados e o caso não foi registrado.
Portanto, não foi à toa que a quantidade de crimes registrados pela DRFVAT aumentou nos últimos dois anos, passando de 37.175 casos, em 1996, para 41.068, no ano passado. E os números podem piorar: em janeiro deste ano, foram anotadas 3.848 ocorrências, contra as 3.289 do mesmo período, em 1998. Um salto de 16,99% nas estatísticas do mês, que teve seu pior momento em 1994, quando houve 4.029 casos.
Meu carro foi levado por um reboque azul
O executivo A.F.L. teve seu Vectra roubado por um reboque no Leblon no dia 28 de janeiro e teme que os ladrões voltem
Quebrou o radiador do meu carro e pedi o serviço de reboque da seguradora. Uma menina pegou todos os dados. Placa, chassis, ano de fabricação, meu nome, tudo. Ela falou que em uma hora um reboque pegaria o carro na minha casa e levaria para a concessionária. E foi o que aconteceu. O motorista do reboque apresentou tudo aquilo que informei e minha mulher entregou as chaves do carro. Só sei que era um reboque azul, que sumiu junto com meu carro. Esse cara sabe o meu nome, onde eu moro. Sabe tudo. Estou com medo. Não posso ficar tranqüilo por causa da minha mulher e do meu filho. A seguradora está investigando. Não recebemos nenhum documento comprovando a realização do serviço. Não recebi nada.
Delegado iniciou investigação há três meses
Segundo o delegado Zaqueu Teixeira, uma equipe da DRFVAT iniciou as investigações do caso dos falsos reboques no fim de novembro. Os trabalhos, no entanto, prosseguiram somente até o mês seguinte, quando começou a troca de comando das divisões especializadas e dos distritos policiais.
Antes, porém, houve a apreensão de três reboques iguais aos da CET-Rio conduzindo carros na Barra da Tijuca no ano passado. Os policiais, porém, constataram que os veículos não eram roubados e o caso não foi registrado na 16 DP (Barra) nem na DRFVAT, liberando os reboqueiros.
- Como a investigação ainda era muito incipiente, não pude oficializar um inquérito. Estávamos na pista deles, mas saí da delegacia no fim do ano - lamentou Teixeira, sem esconder sua surpresa com a agilidade dos bandidos.
Além da originalidade, as quadrilhas ainda têm mais três pontos a seu favor: a transição promovida na Polícia Civil; a falta de comunicação entre as polícias civil, militar e rodoviária; e carência crônica de infraestrutura.
- Tenho 11 viaturas. Isso é brincadeira! A Divisão Anti-Seqüestro tem mais de 20, motos e telefone celular. Podemos fazer mais com policiamento ostensivo da PM e fiscalização das Metropols nos ferros-velhos - reclama o novo diretor da DRFVAT, Márcio Zucarelli.
De acordo com ele, a caça aos reboques está emperrada na ausência de informações. Da antiga equipe de Zaqueu Teixeira, restou apenas um detetive na DRFVAT, quebrando a seqüência do trabalho.
- Estamos começando tudo do zero - reconhece Márcio Zucarelli.
Bandidos agem desde 98
Se a DRFVAT começou a investigar as quadrilhas de reboque apenas no fim de 1998, as informações sobre a existência dessas gangues já existem há um ano. Porém, a polícia nunca conseguiu prender ninguém em flagrante.
De acordo com o coordenador da Associação Rio Contra o Crime, Zeca Borges, as denúncias desta forma de furto de veículos são antigas, mas falta a comprovação policial:
- Sabemos disso há muito tempo, mas faltam provas. A DRFVAT quase conseguiu prender três desses reboqueiros na Barra, mas não comprovou o envolvimento deles.
O chefe de investigações da 35 DP (Campo Grande), Ronaldo Martins, confirma que essas quadrilhas agem, pelo menos, desde 1998. Lotado na 32 DP (Jacarepaguá) até dezembro, ele conta que recebeu informações sobre o envolvimento de reboques no roubo de veículos no bairro:
- Houve uma mulher que percorreu vários depósitos à procura do carro. Soubemos, depois, que havia reboques iguais aos da CET-Rio roubando carros na região.
Reboques devem ter fiscais
Tamanha audácia dos marginais se justifica: segundo o Sindicato das Seguradoras do Estado do Rio de Janeiro, as companhias de seguro gastaram R$ 3,5 bilhões no pagamento de apólices no ano passado. Deste total, aproximadamente R$ 240 milhões cobriram indenizações para veículos roubados. O montante é uma boa amostra do filão explorado pelas quadrilhas.
O subsecretário municipal de Trânsito, coronel Hamilton Dorta, diz que os motoristas devem tomar alguns cuidados na hora de identificar um reboque a serviço da CET-Rio, como pedir documentos que o autorizem a guinchar veículos em nome da Prefeitura.
- Os reboques sempre andam em comboio, com o acompanhamento de um fiscal de trânsito ou de um guarda municipal. Além disso, eles são brancos, com os símbolos da Prefeitura (um golfinho) e as faixas características da CET-Rio (azul e amarelo fluorescente) - explicou o subsecretário.

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