A Polícia chama o síndico
Delegacias terão um administrador para cuidar dos problemas burocráticos
RIO (Extra) - Um novo personagem vai se juntar a todas as 121 delegacias do estado até o dia 29 de março de 2001. Segundo o projeto Delegacia Legal, idealizado pelo subsecretário estadual de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, tarefas burocráticas como cuidados com conservação, almoxarifado e limpeza passarão a ser de responsabilidade de um administrador, o síndico da delegacia.
Caberá a esse novo personagem lidar com toda a papelada que não tenha a ver com os registros de ocorrência, dinamizando o trabalho policial. A estréia do primeiro síndico será no próximo dia 29 de março, data prevista para a inauguração da nova 5ª DP (Rua do Lavradio), que está sendo reconstruída na Avenida Gomes Freire, no Centro.
Mas quem será esse síndico que vai botar ordem na casa? De acordo com Luiz Eduardo Soares, o administrador, que será remunerado, terá total autonomia, respondendo diretamente ao secretário de Segurança, general José Siqueira. Os escolhidos virão do banco de dados do Centro de Produção da Uerj (Cepuerj).
- Ele não precisa ser policial e é melhor que não seja, para não confundir suas tarefas. O síndico não terá porte de arma e deverá ter, pelo menos, o Segundo Grau completo e conhecimento de áreas como gerenciamento, contabilidade e almoxarifado. Ele será o responsável pelo funcionamento físico da delegacia - explica o subsecretário.
A medida já é comemorada pelos titulares de algumas das delegacias mais problemáticas do Rio de Janeiro, antes mesmo de sua implementação. Afinal, livres desses afazeres burocráticos que adiam e atrapalham as investigações, os delegados ganham tempo para desempenhar melhor a sua função, além de liberar homens para o serviço policial propriamente dito.
- As novas delegacias terão três áreas de trabalho: atendimento, administração e policial. Hoje, esses trabalhos são desempenhados por policiais, que não têm treinamento nem tempo para isso. Queremos que eles se dediquem integralmente às suas tarefas de policial propriamente ditas - explica o subsecretário.
E se houver divergência entre o delegado e o síndico?
- Terá que haver respeito mútuo. Vai ser como num edifício, em que cada um será dono do seu apartamento - compara ele, antecipando que os conflitos serão resolvidos pelo secretário de Segurança.
Seleção será feita pela Uerj
Com base nas características apontadas pelo subsecretário de Segurança Pública, o Cepuerj vai selecionar os candidatos a síndico em seus bancos de cadastro de emprego. Haverá um treinamento a ser realizado na Uerj, sob supervisão da Polícia Civil. Nele, os novos administradores aprenderão noções de legislação criminal e de toda a estrutura da Secretaria de Segurança.
Entre os requisitos básicos para contratação, os aspectos psicológicos poderão pesar mais do que o currículo.
- É preciso que seja alguém equilibrado e disciplinado, com dedicação aos detalhes. O perfil pessoal é mais importante do que o profissional nesses aspectos - explica o subsecretário.
Pelo convênio estabelecido com a Uerj, o pagamento dos síndicos estará a cargo da universidade, apesar de o administrador ficar ligado à Secretaria de Segurança. A quantia, porém, ainda não foi definida. Mas a carga horária já está acertada: oito horas diárias (40 horas semanais), sem necessidade de plantão, mas com disponibilidade de resolver imprevistos que possam ocorrer.
Delegados festejam a idéia
O delegado Sérgio Valença, da 9ª DP (Catete), comemorou a contratação de um profissional para tratar das questões burocráticas. A delegacia, cujo prédio está em péssimo estado de conservação, tem seis mil casos à espera de solução.
- A idéia é muito boa, coisa de primeiro mundo. Isso resolve metade dos nossos problemas - calcula.
Outro que festejou foi o delegado da 54ª DP (Belford Roxo), José de Resende, responsável pela delegacia da área mais violenta do estado.
- A toda hora interrompo o meu trabalho para cuidar de problemas que nada têm a ver com a minha atividade principal, que é investigar - reclama.
O delegado Henrique Sampaio, da 35ª DP (Campo Grande), é ainda mais enfático:
- Isso já deveria ter sido implantado há 200 anos.
RIO (Extra) - Um novo personagem vai se juntar a todas as 121 delegacias do estado até o dia 29 de março de 2001. Segundo o projeto Delegacia Legal, idealizado pelo subsecretário estadual de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, tarefas burocráticas como cuidados com conservação, almoxarifado e limpeza passarão a ser de responsabilidade de um administrador, o síndico da delegacia.
Caberá a esse novo personagem lidar com toda a papelada que não tenha a ver com os registros de ocorrência, dinamizando o trabalho policial. A estréia do primeiro síndico será no próximo dia 29 de março, data prevista para a inauguração da nova 5ª DP (Rua do Lavradio), que está sendo reconstruída na Avenida Gomes Freire, no Centro.
Mas quem será esse síndico que vai botar ordem na casa? De acordo com Luiz Eduardo Soares, o administrador, que será remunerado, terá total autonomia, respondendo diretamente ao secretário de Segurança, general José Siqueira. Os escolhidos virão do banco de dados do Centro de Produção da Uerj (Cepuerj).
- Ele não precisa ser policial e é melhor que não seja, para não confundir suas tarefas. O síndico não terá porte de arma e deverá ter, pelo menos, o Segundo Grau completo e conhecimento de áreas como gerenciamento, contabilidade e almoxarifado. Ele será o responsável pelo funcionamento físico da delegacia - explica o subsecretário.
A medida já é comemorada pelos titulares de algumas das delegacias mais problemáticas do Rio de Janeiro, antes mesmo de sua implementação. Afinal, livres desses afazeres burocráticos que adiam e atrapalham as investigações, os delegados ganham tempo para desempenhar melhor a sua função, além de liberar homens para o serviço policial propriamente dito.
- As novas delegacias terão três áreas de trabalho: atendimento, administração e policial. Hoje, esses trabalhos são desempenhados por policiais, que não têm treinamento nem tempo para isso. Queremos que eles se dediquem integralmente às suas tarefas de policial propriamente ditas - explica o subsecretário.
E se houver divergência entre o delegado e o síndico?
- Terá que haver respeito mútuo. Vai ser como num edifício, em que cada um será dono do seu apartamento - compara ele, antecipando que os conflitos serão resolvidos pelo secretário de Segurança.
Seleção será feita pela Uerj
Com base nas características apontadas pelo subsecretário de Segurança Pública, o Cepuerj vai selecionar os candidatos a síndico em seus bancos de cadastro de emprego. Haverá um treinamento a ser realizado na Uerj, sob supervisão da Polícia Civil. Nele, os novos administradores aprenderão noções de legislação criminal e de toda a estrutura da Secretaria de Segurança.
Entre os requisitos básicos para contratação, os aspectos psicológicos poderão pesar mais do que o currículo.
- É preciso que seja alguém equilibrado e disciplinado, com dedicação aos detalhes. O perfil pessoal é mais importante do que o profissional nesses aspectos - explica o subsecretário.
Pelo convênio estabelecido com a Uerj, o pagamento dos síndicos estará a cargo da universidade, apesar de o administrador ficar ligado à Secretaria de Segurança. A quantia, porém, ainda não foi definida. Mas a carga horária já está acertada: oito horas diárias (40 horas semanais), sem necessidade de plantão, mas com disponibilidade de resolver imprevistos que possam ocorrer.
Delegados festejam a idéia
O delegado Sérgio Valença, da 9ª DP (Catete), comemorou a contratação de um profissional para tratar das questões burocráticas. A delegacia, cujo prédio está em péssimo estado de conservação, tem seis mil casos à espera de solução.
- A idéia é muito boa, coisa de primeiro mundo. Isso resolve metade dos nossos problemas - calcula.
Outro que festejou foi o delegado da 54ª DP (Belford Roxo), José de Resende, responsável pela delegacia da área mais violenta do estado.
- A toda hora interrompo o meu trabalho para cuidar de problemas que nada têm a ver com a minha atividade principal, que é investigar - reclama.
O delegado Henrique Sampaio, da 35ª DP (Campo Grande), é ainda mais enfático:
- Isso já deveria ter sido implantado há 200 anos.
